O funcionamento básico da Ponte… nas Ondas! foi evoluindo em cada edição, embora ter-se mantido no essencial o esquema de preparação por parte dos docentes.
O eixo principal durante os vinte primeiros anos foi a jornada multimédia que junta as escolas nas ondas cada primavera, antes do fim do ano letivo. Uma jornada que representa o ápice de meses de trabalho didático e envolvimento nas aulas.
Tudo começa com o início do ano letivo: nas várias edições, os professores reúnem-se para decidirem um assunto que será proposto aos participantes e quais os primeiros passos a dar. Em seguida, vem o trabalho nas escolas: a dinamização nas aulas, a programação das atividades relativas ao assunto, a participação na rádio escolar do estabelecimento de ensino e a elaboração de um programa audiovisual. O dia da emissão, prepara-se a grelha de programação de maneira muito precisa, na qual cada programa tem adjudicada a sua respetiva hora de emissão, o título, as horas para as ligações em direto, etc. Têm-se realizado jornadas com programação em 7 estúdios de rádio localizados nas duas margens da fronteira galego-portuguesa; mas a rádio pulou também, em muitas ocasiões, para fora do estúdio, viajando para auditórios, museus e centros sociais e culturais, assim como em cinco rádios mais pertencentes à Rede EMUGA (Emissoras Municipais Galegas) por todo o território galego.
Ao longo dos anos, a atividade da Ponte… nas Ondas! foi-se desdobrando em outras atividades além desta jornada central. Por exemplo, durante o ano 2006/2007 celebrou-se a primeira edição do “Concurso de Recolha da Tradição Oral”. Esta primeira convocatória foi uma das consequências diretas do processo da candidatura do Património Imaterial Galaico-Português à UNESCO, e ficou enquadrada também no programa daquela que foi a Primeira Semana da Literatura de Tradição Oral, que se desenvolveu em novembro de 2006. O objetivo do concurso era a colaboração dos estabelecimentos de ensino da Galiza e de Portugal na preservação do Património Imaterial Galaico-Português, assim como a difusão, promoção e transmissão de expressões vivas da tradição galaico-portuguesa. A finalidade última é, pois, procurar uma aproximação por parte dos alunos às manifestações culturais imateriais presentes no seu meio.
Em anos posteriores, e fruto do trabalho de alunos e docentes através destes concursos, formou-se um Arquivo Virtual do Património Imaterial Galaico-Português, de livre consulta na rede, que reúne centenas de horas de áudios, vídeos, imagens e textos acerca de diversas expressões ou formas da tradição oral, quer em prosa (mitos, lendas, contos, relatos orais, lengalengas, adivinhas, etc.), quer em verso (romances, estórias, cantares de cegos, coplas, orações, recitativos, provérbios, etc.)
“Os tesouros humanos vivos”, “Ponte… a contar” ou “As bibliotecas vivas” foram o mote de algumas das edições.
O arquivo reúne informação acerca de assuntos tais como os jogos tradicionais, as vivências pessoais de acontecimentos históricos, os ofícios tradicionais, a emigração, a repressão e as ditaduras, o contrabando na fronteira, etc., com uma importante quantidade de trabalhos que acolhem mostras representativas do património comum galaico-português.
Em 2002, a Ponte… nas Ondas! convocou a primeira Mostra da Oralidade Galego-Portuguesa. Naquela edição juntaram-se fundamentalmente músicos da Galiza e do norte de Portugal. Desde então, este ato foi acolhendo narradores orais, portadores de expressões tradicionais e artistas que têm na oralidade galaico-portuguesa a sua fonte de inspiração. Vigo, Paredes de Coura, Pontevedra, Melgaço, O Porrinho, A Guarda ou Monção foram algumas das localidades que acolheram a Mostra. Também participaram pessoas da oralidade e da música de Portugal, do Brasil, de Angola, de Moçambique e da Galiza, como Amélia Muge, Vozes da Rádio, Cantares do Minho, Augusto Canário, Socorro Lira, Alberto Mbundi, Timbila Muzimba, Xistra, Uxía, Mini e Mero, Mercedes Peón, Couple Coffee, etc.
A Mostra da Oralidade é um evento que reúne as vozes do património imaterial galaico-português ideado para transmitir às novas gerações as expressões contemporâneas desta cultura comum. Nela juntam-se as pessoas portadoras das manifestações da cultura tradicional com artistas que baseiam o seu trabalho criativo na oralidade.
Em 2011, a UNESCO proclamou o dia 13 de fevereiro como “Dia Mundial da Rádio” comemorando o dia em que as Nações Unidas criaram a sua própria rádio no ano 1946. Desde então, a comemoração deste evento está a relevo também no calendário anual de atividades da associação. Como exemplo disto, na edição de 2017 esta efeméride foi celebrada com a inauguração do portal digital Escolas nas Ondas (www.escolasnasondas.com), realizando oito horas de emissão ao vivo desde o liceu IES Terra de Turonio de Gondomar (Galiza), e divulgando a apaixonante experiência de colaboração ao vivo entre os alunos da Escola Básica de Barbudo, em Vila Verde (Portugal) e a do Cordo Boullosa em Ponte Caldelas (Galiza), ligados e nas ondas para descobrir e contar quanto temos em comum as duas margens do Minho.
Workshops de narração oral nos estabelecimentos de ensino, workshops de rádio ou encontros escolares de jogos tradicionais galaico-portugueses são alguns dos eventos da viçosa atividade que desenvolve a Associação Ponte… nas Ondas!