• Numa sessão dedicada às candidaturas multinacionais de Património cultural inmaterial (PCI), Ponte…nas ondas! foi convidada em qualidade de ONG consultora acreditada
• O Ministério de Cultura de Espanha apresentou, a pedido da UNESCO, a experiência de Ponte…nas ondas! (PNO!) como um exemplo e um modelo de boas práticas com o PCI.
• A UNESCO escolheu o exemplo de PNO! com vistas a elaborar uma guia para as propostas multinacionais e as boas práticas com o PCI.
Em dezembro de 2022, o Comité da Convenção PCI de 2003, na sua décima sétima reunião (em Rabat, onde o modelo PNO! foi registado a proposta de Portugal e Espanha), concordou em discutir dossiês de registo multinacionais. Esta iniciativa abordaria aspectos como a troca de boas experiências de salvaguarda em relação a elementos multinacionais registados e boas experiências de cooperação na preparação de propostas de inscrição nas listas.
Para tratar destas questões de elementos multinacionais, o secretariado convocou uma sessão no passado dia 4 de julho onde foram debatidas questões como as vantagens e desafios das propostas multinacionais, a cooperação internacional e as boas experiências na salvaguarda de elementos multinacionais centradas nas comunidades.
Este encontro internacional, que contou com a participação de mais de 150 países e ONG que trabalham na área do Património Cultural Imaterial (PIC), teve como objectivo informar e esclarecer as dificuldades relatadas por países e ONG no que diz respeito à apresentação de candidaturas multinacionais de PCI para UNESCO. Para demonstrar casos específicos e de sucesso, a UNESCO convidou o Ministério da Cultura da Espanha a apresentar o exemplo do “modelo PNO!” como boa prática no tratamento de um processo internacional já registado.
Ao mesmo tempo convidou à associação PNO!, como ONG consultora acreditada pela UNESCO, para mostrar sua experiência de trabalho com PCI ao longo de três décadas.
Em nome do Ministério da Cultura de Espanha , falou a Diretora Geral Adjunta do Patrimônio, María Agúndez, que explicou todo o processo da candidatura de PNO! ao registo das boas práticas. María Agúndez destacou a colaboração entre as três administrações envolvidas (Ministério da Cultura de Espanha, Xunta de Galicia e Ministério da Cultura e CNU de Portugal).
Por PNO! falou o antropólogo Álvaro Campelo, da Universidade Fernando Pessoa do Porto e investigador do CRIA (Centro em rede de investigação em antropologia). Campelo enfatizou que o simples fato da UNESCO ter escolhido a PNO! como exemplo é motivo de orgulho para todas as pessoas e entidades que estão envolvidas no projeto há três décadas, além de destacar o trabalho das escolas da Galiza e de Portugal com o PCI envolvendo alunos e professores juntamente com portadores do PCI.
A sua intervenção centrou-se nos seguintes pontos:
1. A história das comunidades onde acontece o projeto Ponte…nas ondas! facilitou o trabalho multinacional sobre o PCI e a construção da primeira nomeação de PCI promovida por escolas de dois países em 2004 e a posterior inscrição no registo das Boas Práticas em 2022 (a primeira para Portugal).
2. Embora tenhamos uma herança cultural comum, o sucesso de Ponte…nas ondas! deve-se ao empenho e entusiasmo dos professores e alunos das escolas deste território, bem como ao apoio de entidades académicas, políticas e associativas e ao trabalho com o PCI.
3. A exemplaridade da Ponte…nas ondas! está na base dos seus objetivos: trabalhar com a comunidade escolar em cumplicidade com as comunidades locais e os portadores do PCI, ou seja, é a partir da base da comunidade onde surgem as atividades e se organizam os projetos de trabalho e investigação.
4. A realização de eventos e o desenvolvimento de conteúdos é feito em todas as áreas do PCI. Desse trabalho surgiu a edição de discos e a publicação de livros juntamente com recursos e conteúdos multimédia.
5. Conscientes de sermos herdeiros de uma herança cultural que ultrapassou fronteiras, hoje presente em diversas nações e continentes, devido às migrações e também ao colonialismo, PNO! levou os seus projetos às escolas desses países e continentes, em reconhecimento de um património comum, que deve ser, atualmente, uma oportunidade de fraternidade e de superação de todos os tipos de dominação.
6. Finalmente, os presentes foram informados que o “modelo PNO!” já está a ser implementado nos Planos Educativos das Escolas da Galiza e Portugal e está a ser preparado um Centro do Património Cultural Galego-Português.
A recepção a esta intervenção foi bem recebida pelo Secretariado da UNESCO e por alguns dos participantes e foi gratificante saber que este exemplo do PNO! é de grande relevância para a UNESCO e apreciado por todos aqueles que trabalham com PCI e buscam práticas e modelos inovadores de transmissão e valorização pedagógica dos PCI.
A partir do tratado nesta sessão, um guia de referência poderá ser apresentado para exame na 19ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que será realizada em Assunção (Paraguai) de 2 a 7 de dezembro de 2024.