Esta semana a UNESCO decidiu, a partir de Nairobi, a inscrição, na Lista Representativa do Património Imaterial da Humanidade, de novos bens de carácter intangível. Para informar a opinião pública sobre a ausência, nesta lista, da candidatura de património imaterial galego- português, a Associação Ponte…nas ondas! quer esclarecer o seguinte:
Desde 1995 que a Associação Cultural e Pedagógica Ponte…nas ondas! tem trabalhado na transmissão, às novas gerações da Galiza e de Portugal, do património imaterial galego-português. Um património comum que, apesar de estar localizado num território que tem a fronteira mais antiga de Europa, conseguiu manter a sua coesão, ao longo dos séculos.
Por isso, quando em 2001 a Unesco anuncia as primeiras proclamações das Obras- Mestras do Património Imaterial da Humanidade, assumimos a responsabilidade de levar a cultura comum galego-portuguesa a um merecido reconhecimento internacional.
Ponte…nas ondas! inicia um trabalho constante, para levar, às escolas da Euro-região as expressões mais singulares e representativas do património cultural imaterial galego-português. Paralelamente, antropólogos e investigadores da Galiza e de Portugal preparam estudos especializados. Sucedem-se as actividades de sensibilização, dinamização e promoção realizadas a partir das escolas, das associações e das próprias comunidades de portadores que vêem, na Candidatura à Unesco, uma forma de reviver uma boa parte das tradições adormecidas pelo desenvolvimento social e pelas modificações nas formas de vida. Ponte…nas ondas! impulsiona as Mostras da Oralidade Galego-Portuguesa, celebradas em distintas cidades, nas quais têm participado músicos e artistas galegos e portugueses, bem como de outros países do mundo lusófono; os Concursos de Recolha da Tradição Oral, dirigidos aos centros educativos ou o projetos como o de Meninos Cantores com simbólico videoclip gravado na ponte de Valença -Tui com o título de Mais Perto.
A 23 de Abril de 2004 apresenta-se publicamente, em Vigo, a Candidatura do Património Imaterial Galego-Português. Ainda com poucos apoios e muitas reticências por parte das instituições, quer galegas quer portuguesas e até das de Madrid, sucedem-se as entrevistas no triângulo administrativo Santiago-Lisboa-Madrid e comprovamos como a proposta duma Candidatura Multinacional era desconhecida para todas as administrações e mesmo para os seus especialistas.
Ainda assim, Ponte…nas ondas! foi capaz de apresentar em Paris, a 18 de outubro de 2004, com o aval dos dois Estados e com o apoio da Xunta de Galicia, um primeiro dossier. Dossier que foi ampliado e completado com novos trabalhos, realizados ao longo de 2005.
A Candidatura do Património Imaterial Galego-Português foi recolhendo apoios que iam aumentando à medida que se ia aproximando a data da proclamação ( 25 de novembro de 2005 ). Vários escritores, como José Saramago ou Mario Cláudio, os galegos Suso de Toro e Manuel Rivas e a brasileira Nélida Piñón, entre outros, assinavam um manifesto de apoio a esta candidatura. Além de numerosas escolas e institutos, concelhos galegos, câmaras municipais, instituições oficiais e associações diversas também manifestaram um apoio unânime a esta Candidatura.
Tal como o Parlamento de Galicia, que a 10 de novembro de 2004 aprovou por unanimidade uma moção apresentada pelo PSdeG-PSOE e BNG, na qual se solicitava o apoio da Xunta de Galicia a esta candidatura, a 21 de setembro de 2005, o Congresso dos Deputados, aprova, por unanimidade, outra resolução instando ao governo de Espanha a apoia-la, informando a UNESCO desta resolução.
A 25 de novembro, o júri internacional, reunido na Unesco, considera que a Candidatura das Tradições Orais Galego-Portuguesas, deve ser reformulada para uma posterior apresentação.
Os membros do júri valorizaram o extraordinário processo desenvolvido por Ponte…nas ondas! destacando o facto singular de ser a primeira candidatura mundial a ser promovida por centros educativos de dois países.
Esta decisão do Júri foi comunicada, pelo chefe da Divisão de Património Imaterial, Mr.Riek Smetts, através dum ofício enviado posteriormente (a 3 de janeiro de 2006) aos governos português e espanhol, com conhecimento a Ponte…nas ondas!, recomendando que se volte apresenta-la, depois de se lhe introduzirem as sugestões propostas pelo júri.
Yang Jongsung (Coreia):
” É mais importante transmitir o património às gerações futuras do que grava-lo “