O património imaterial galego-português exibe a sua excelência na GALA DO PATRIMÓNIO e na MOSTRA DA ORALIDADE GALEGO-PORTUGUESA
Ponte…Nas Ondas! celebrou em Tui, o 25 de novembro, a MOSTRA DA ORALIDADE e a GALA DO PATRIMÓNIO, coincidindo com a data da presença deste património na sede da UNESCO há dez anos e também com o dia no que recolheram o Prémio Ondas em 2014.
O 25 de novembro é uma data muito especial para a Associação Ponte…nas ondas! e por esta razão quiseram celebrá-lo e partilha-lo com as pessoas e comunidades portadoras do nosso património comum galego-português. Lembram que desde há dez anos, este património aguarda pela sua inscrição na Lista Representativa do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO e põem como exemplo o flamenco que não sendo proclamado em 2005, as administrações conseguiram inscrevê-lo em 2010. No caso do património oral galego-português a própria UNESCO recomendou voltar a apresentar de novo a sua candidatura. Mas o trabalho de PNO! continuou e teve o seu reconhecimento com a obtenção do prémio ONDAS pela melhor cobertura informativa deste património. Precisamente o 25 de novembro de 2014 recolhiam o prezado cavalinho no Liceu de Barcelona.
TEMOS PATRIMÓNIO !
Este 25 de novembro os atos começaram com a MOSTRA DA ORALIDADE GALEGO-PORTUGUESA -Temos Património! no Teatro Municipal de Tui com a assistência de perto de 600 alunos de 11 escolas da Galiza e do Norte de Portugal com o objetivo de transmitir-lhes as manifestações da tradição oral a ambos lados da fronteira. Tradição que se mantém viva através da música, o teatro ou a narração oral. Na Mostra participaram o escritor e músico Xurxo Souto, o grupo de música tradicional Tradisón liderado por Xurxo Antúnez, o grupo de música A Gramola Gominola, e a companhia de teatro portuguesa Graeme teatro. A Mostra contou com o apoio da Xunta de Galicia e do projeto europeu CampUSCulturae que coordena a Universidade de Santiago
IMAGENS:https://flic.kr/s/aHskmCZa3s
A GALA DO PATRIMÓNIO
Ao entardecer ecoaram pelas ruas de Valença do Minho e de Tui, os sons das treboadas e os Zés pereiras anunciando que o património galego-português ia dar-se cita no teatro municipal de Tui. Às 20:30 horas os atroadores sons dos bombos, de uma e de outra beira do Minho, abriam uma gala que durante duas horas manteria ao público emocionado com o que via e escutava, manifestações de excelência do seu património. Foi o próprio apresentador da Gala quem se pôs à frente dos bombeiros e das treboadas. Xurxo Souto, o trebón da noite que manteve com a vitalidade e a força da sua palavra o espírito da gala.
Uma Uxia de voz esplendorosa acalmou o auditório com um alalá que encheu de emoção aos assistentes e Narf acompanhou-na com sons de guitarra elétrica que desafiavam a pandeireta nas mãos de Uxia. Pelo meio houve tempo para lembrar a infância com um formoso tema de Manecas Costa. Foi numa rádio, colocada no palco, onde Xurxo Souto exerceu de locutor-apresentador e desde onde se escutaram no dial as Vozes da Rádio, o quinteto vocal do Porto. Um autêntica torrente de vozes que ademais de realizar todos os sons de instrumentos e percussões com a sua voz, divertiram ao público com temas satíricos.
E com o sorriso ainda nos lábios, a palavra de Quico Cadaval ocupou o estúdio radiofónico numa mão a mão entre dois grandes comunicadores. Quico Cadaval explicou que o património galego-português salta por riba das fronteiras e hoje é uma autêntica rede de união na lusofonia e contou histórias relacionadas com o contrabando e a fronteira. Do outro lado do rio, apenas chegado da Austrália, Augusto Canário, acompanhado por Cândido Miranda fizeram uma demonstração de engenho e agilidade interpretando diversas modalidades de regueifas e desgarradas. Remataram com um tema de Nelson Vilarinho de Covas, um dos grandes tocadores de concertina já desaparecido e a quem desde Ponte…nas ondas! se quis render homenagem como exemplo de “pessoa portadora” do património.
Xurxo Souto perguntou-lhe a Canário pela vitalidade dos cantos ao desafio e o português louvou o labor de transmissão às novas gerações que se está a fazer na Galiza.
Desde o Vale do Neiva, as Cantadeiras do Neiva exibiram uma prodigiosa policromia vocal na interpretação de cantos tradicionais recolhidos no norte de Portugal. Lembraram que o grupo foi a voz e a imagem do processo da Candidatura há dez anos e mostraram a sua disposição a continuar a apoiar a inscrição deste património na UNESCO.
E deste lado chegaram as poderosas Malvela que demonstraram que acima do palco são a melhor expressão de vitalidade do património oral e musical, acompanhadas por uns reconhecidos Santi Cribeiro no acordeão ou Pablo Ces na percussão. A sua mentora, Uxía, cantou um vera e lembrou à Sra. Carme, considerada um ?tesouro humano? e a quem também se homenageou. A interpretação do Natal dos simples do Zeca Afonso, junto aos Vozes da Rádio, demonstra que Malvela não tem nenhum tipo de dificuldades para alargar os seus registos e capacidades.
Já com a festa montada acima do palco e com o publico entregue, chegava o fim da Gala, com duas horas transcurridas, e chegou o Pirim pim pim, a melodia galego-portuguesa que todos cantaram, artistas e público com coreografías incluídas. E mesmo ainda houve outra e a oportunidade de realizar uma onda a favor do património com um Xurxo Souto dizendo: Medre o património inmaterial galego-português !
A Gala do Património foi uma homenagem às pessoas e comunidades portadoras da cultura popular, essa que deu origem a tradição oral galego-portuguesa em forma de cantigas nas que se inspiraram os trovadores e jograres medievais.
A Gala do património vai ser emitida pela TVG e a RTP em próximas datas.
IMAGENS: : https://flic.kr/s/aHskpjaPY9
CULTURAQUEUNE
No marco das celebrações destes 10 anos de trabalho a favor do património comum, Ponte…nas ondas! apresentou em Tui a plataforma CULTURAQUEUNE, da que faz parte. Uma plataforma que integra a associações e entidades da Euro-região com a finalidade de unir esforços nas relações culturais e nas atividades em ambos lados. Inaugurou-se a exposição “DO SAUDOSISMO AO ATLANTISMO”, cedida pela Fundação Vicente Risco, uma mostra que percorre as relações entre os escritores galegos e portugueses do século XX. A mostra abriu-se o dia 20 com uma conferência do historiador Luis Martínez Risco e permanece na Área Panorámica até o dia 3 de dezembro.